terça-feira, 25 de setembro de 2012

2º SIMULADO DE LÍNGUA PORTUGUESA

Leia o cartum, de Quino. E depois responda as questões de 1 a 2.
01. O cartum está dividido em três cenas. Na primeira cena, um homem está caminhando em direção ao futuro. Observe seus gestos, sua expressão física e a linha que indica a trajetória de seus passos. O que eles significam?
(A) Que ele está confuso, perdido e desolado em relação ao futuro.
(B) Que ele tem medo e não pretende chegar ao futuro.
(C) Que ele tem dúvidas, medo e incerteza em relação ao futuro.
(D) Que ele está pensativo, parado e perdido em relação ao futuro.

02. Na última cena, um grupo de jovens se dirige ao futuro.  Observe a expressão corporal deles. O que ela transmite?
(A) Desânimo.
(B) Alegria.
(C) Boa sensação.
(D) esperança.

Leia o conto, de Lya Luft.

"Ao Apagar das Luzes"

Ele tinha decidido, sem nada avisar, sem combinação nenhuma, que naquela noite haveria o grande desvendamento.
Ele ia-se revelar, pronunciar a dura verdade, abrir o peito, rasgar as vestes da postura contida, e abrir as pernas e parir a si mesmo e suas verdades na cara dos demais.
Eram uma família normal, uma gente cotidiana, que trabalhava para pagar suas contas, que transava comedidamente sem maior alegria, mantinha um tipo de fidelidade devida antes ao cansaço e à resignação que à lealdade e ao amor.
Pais e filhos, uns casados, outros solteiros, reuniam-se cada domingo assim, para atenderem ao desejo da mãe, à ordem do pai, e a à sua própria resignação.
O pai era um homem normal, cumpridor metódico de seus deveres, prazeres poucos, e ao cabo de tantos anos já não sabia direito o que eram seus desejos, se tinha sonhos, se tudo se fundia na realidade tediosa.
A mãe era uma dona de casa também comum, agora andava vendendo perfumes e cremes para amigas e vizinhas do bairro - pois as coisas não andavam fáceis.
Os filhos, dois casados, duas solteiras, pouco se viam, desde de pequenos mais envolvidos com suas atividades e amizades, considerando a família uma espécie de mal necessário, até que a deles não era a pior.
Pelo menos na superfície.
Por baixo as águas corriam escuras, turvas as emoções, raízes de mágoa enredavam-se perturbando o florescer dos aguapés no alto.
Sentaram-se à mesa, depois de trocarem os cumprimentos habituais, as brincadeiras de sempre, os elogios forçados:
-Cada vez mais jovem, mãe!
-Pai, cada vez mais forte, heim?
-Filha, você emagreceu!
-Você foi elogiado pelo patrão, filho!
Um clichê de família.
A comida de sempre, a empregada de sempre, os móveis de sempre, a vida de sempre. Vontade de fugir, sumir, estar em outra parte ou em parte nenhuma.
Dever, não afeto; costume, não desejo de partilhar; isolamento, não cumplicidade.
(Eram ao menos originais?)
A mãe sempre servia a todos da primeira vez, depois era cada um por si, a mãe brincava - como sempre:
-Depois, ataquem!
A comida igual, todo domingo era galinha e massa e maionese, sobremesa sorvete que um deles era sempre encarregado de trazer.
Ao sabor da comida misturava-se o ressaibo dos rancores secretos crescendo como ervas malignas cobrindo as almas. O pai me batia, minha mãe não me entendia, meu filho estava bêbado na sua formatura e eu me sacrifiquei tanto por ele, a mãe enxotou meu namorado por implicar tanto com ele, nunca entedi o que minha filha afinal quer da vida, a mãe sempre preferiu a outra, o pai é um medíocre, a mãe uma atrasada.
(Não eram nada originais.)
De repente o filho mais moço, que ainda não estava resignado, que ainda esperava, que ainda acreditava, ainda queria transformar aquele grupo de estranhos frios em família (ali onde mesmo que não me entendam me amam), estendeu a mão e não era para o prato, era para pedir atenção, era para desencadear um terremoto, era para transformar a vida:
-Gente, hoje eu tenho uma coisa pra dizer.
Todos se calaram, as mãos pararam entre prato e boca, de repente estavam acordados, aqueles olhares, interessados.
-Fala, rapaz, o que foi?
E quando ele ia se levantar largando o guardanapo sobre a mesa, e abrir a boca e o coração e as entranhas da alma, e chamar e gritar: vivam, acordem, sejam vocês mesmos, sejam gente, sejam humanos!!!!! - quando todos perceberam na raiz de seus corações que a partir desse momento algo ia mudar, tinha de mudar...
...nesse momento as trevas baixaram sobre eles."

Depois de ler o texto, responda as questões de 3 a 12.

03. Os personagens envolvidos nessa história são
(A) O filho mais velho e família.
(B) O filho mais novo e a família dele.
(C) A mãe, o marido e o filho do meio.
(D) O patrão, os filhos e a família.

04. Os fatos narrados acontecem
(A) Na casa da avó, na hora da janta, no domingo.
(B) No restaurante, na hora do almoço, no sábado.
(C) Na casa do patrão, na hora do almoço, no domingo.
(D) Na casa dos pais, durante uma refeição em família, no domingo.

05. Há, no conto, expressões que indicam o tempo em que se desenrolam as ações. Aponte do trecho abaixo uma dessas expressões.  "A comida igual, todo domingo era galinha e massa e maionese, sobremesa sorvete que um deles era sempre encarregado de trazer."
(A) Todo domingo.
(B) Sempre.
(C) Trazer.
(D) Era sempre.

06. Do mesmo modo que a crônica, pode ter tanto narrador-observador quanto narrador-personagem. Que tipo de narrador o conto "Ao apagar das Luzes" apresenta?
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07. Enquanto na crônica as personagens são, em geral, mostradas de forma superficial, no conto elas apresentam maior profundidade, por receberem um tratamento que lhes confere características psicológicas mais complexas. O conto lido apresenta uma personagem coletiva. Qual é essa personagem?
(A) A mãe.
(B) A avó.
(C) A filha.
(D) A família.

08. Caracterize psicologicamente o filho mais moço.
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09. O conflito do conto "Ao apagar das Luzes" é
(A) A insatisfação do filho mais jovem com a sua família.    
(B) A algazarra da família na hora do almoço.
(C) A satisfação do filho mais velho com seus pais.
(D) A conversa indesejada com o patrão.

10. O clímax do conto se dá no momento em que 
(A) O filho mais moço levanta a mão, pede atenção e todos se calam interessados.
(B) A mãe depois de servir a todos senta-se para comer.
(C) O filho foi elogiado pelo patrão.
(D) Um dos filhos ia desabafar, abrir o peito e dizer as verdades para os demais.

11. Que tipo de variedade linguística foi empregada?
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12. Qual é o tempo verbal predominante?
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 A leitura é para o intelecto o que o exercício é para o corpo.
(Joseph Addison)

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