domingo, 28 de outubro de 2012

O Cortiço - resumo e análise da obra de Aluísio de Azevedo


Tendo como cenário uma habitação coletiva, o romance difunde as teses naturalistas, que explicam o comportamento dos personagens com base na influência do meio, da raça e do momento histórico

Ao ser lançado, em 1890, O Cortiço teve boa recepção da crítica, chegando a obscurecer escritores do nível de Machado de Assis. Isso se deve ao fato de Aluísio de Azevedo estar mais em sintonia com a doutrina naturalista, que gozava de grande prestígio na Europa. O livro é composto de 23 capítulos, que relatam a vida em uma habitação coletiva de pessoas pobres (cortiço) na cidade do Rio de Janeiro. 
O romance tornou-se peça-chave para o melhor entendimento do Brasil do século XIX. Evidentemente, como obra literária, ele não pode ser entendido como um documento histórico da época. Mas não há como ignorar que a ideologia e as relações sociais representadas de modo fictício em O Cortiço estavam muito presentes no país. 

RIGOR CIENTÍFICO Essa criação de Aluísio de Azevedo tem como influência maior o romance L’Assommoir, do escritor francês Émile Zola, que prescreve um rigor científico na representação da realidade. A intenção do método naturalista era fazer uma crítica contundente e coerente de uma realidade corrompida. Zola e, neste caso, Aluísio combatem, como princípio teórico, a degradação causada pela mistura de raças. 
Por isso, os dois romances naturalistas são constituídos de espaços nos quais convivem desvalidos de várias etnias. Esses espaços se tornam personagens do romance.

É o caso do cortiço, que se projeta na obra mais do que os próprios personagens que ali vivem. Um exemplo pode ser visto no seguinte trecho:

“E durante dois anos o cortiço prosperou de dia para dia, ganhando forças, socando-se de gente. E ao lado o Miranda assustava-se, inquieto com aquela exuberância brutal de vida, aterrado defronte daquela floresta implacável que lhe crescia junto da casa, por debaixo das janelas, e cujas raízes, piores e mais grossas do que serpentes, minavam por toda a parte, ameaçando rebentar o chão em torno dela, rachando o solo e abalando tudo.”

O narrador compara o cortiço a uma estrutura biológica (floresta), um organismo vivo que cresce e se desenvolve, aumentando as forças daninhas e determinando o caráter moral de quem habita seu interior.

NARRADOR A obra é narrada em terceira pessoa, com narrador onisciente (que tem conhecimento de tudo), como propunha o movimento naturalista. O narrador tem poder total na estrutura do romance: entra no pensamento dos personagens, faz julgamentos e tenta comprovar, como se fosse um cientista, as influências do meio, da raça e do momento histórico.

O foco da narração, a princípio, mantém uma aparência de imparcialidade, como se o narrador se apartasse, à semelhança de um deus, do mundo por ele criado. No entanto, isso é ilusório, porque o procedimento de representar a realidade de forma objetiva já configura uma posição ideologicamente tendenciosa.

TEMPO
Em O Cortiço, o tempo é trabalhado de maneira linear, com princípio, meio e desfecho da narrativa. A história se desenrola no Brasil do século XIX, sem precisão de datas. Há, no entanto, que ressaltar a relação do tempo com o desenvolvimento do cortiço e com o enriquecimento de João Romão.

ESPAÇO
São dois os espaços explorados na obra. O primeiro é o cortiço, amontoado de casebres mal-arranjados, onde os pobres vivem. Esse espaço representa a mistura de raças e a promiscuidade das classes baixas. Funciona como um organismo vivo. Junto ao cortiço estão a pedreira e a taverna do português João Romão.

O segundo espaço, que fica ao lado do cortiço, é o sobrado aristocratizante do comerciante Miranda e de sua família. O sobrado representa a burguesia ascendente do século XIX. Esses espaços fictícios são enquadrados no cenário do bairro de Botafogo, explorando a exuberante natureza local como meio determinante. Dessa maneira, o sol abrasador do litoral americano funciona como elemento corruptor do homem local.


ENREDO O livro narra inicialmente a saga de João Romão rumo ao enriquecimento. Para acumular capital, ele explora os empregados e se utiliza até do furto para conseguir atingir seus objetivos. João Romão é o dono do cortiço, da taverna e da pedreira. Sua amante, Bertoleza, o ajuda de domingo a domingo, trabalhando sem descanso.

Em oposição a João Romão, surge a figura de Miranda, o comerciante bem estabelecido que cria uma disputa acirrada com o taverneiro por uma braça de terra que deseja comprar para aumentar seu quintal. Não havendo consenso, há o rompimento provisório de relações entre os dois.

Com inveja de Miranda, que possui condição social mais elevada, João Romão trabalha ardorosamente e passa por privações para enriquecer mais que seu oponente. Um fato, no entanto, muda a perspectiva do dono do cortiço. Quando Miranda recebe o título de barão, João Romão entende que não basta ganhar dinheiro, é necessário também ostentar uma posição social reconhecida, freqüentar ambientes requintados, adquirir roupas finas, ir ao teatro, ler romances, ou seja, participar ativamente da vida burguesa.

No cortiço, paralelamente, estão os moradores de menor ambição financeira. Destacam-se Rita Baiana e Capoeira Firmo, Jerônimo e Piedade. Um exemplo de como o romance procura demonstrar a má influência do meio sobre o homem é o caso do português Jerônimo, que tem uma vida exemplar até cair nas graças da mulata Rita Baiana. Opera-se uma transformação no português trabalhador, que muda todos os seus hábitos.

A relação entre Miranda e João Romão melhora quando o comerciante recebe o título de barão e passa a ter superioridade garantida sobre o oponente. Para imitar as conquistas do rival, João Romão promove várias mudanças na estalagem, que agora ostenta ares aristocráticos.
O cortiço todo também muda, perdendo o caráter desorganizado e miserável para se transformar na Vila João Romão.

O dono do cortiço aproxima-se da família de Miranda e pede a mão da filha do comerciante em casamento. Há, no entanto, o empecilho representado por Bertoleza, que, percebendo as manobras de Romão para se livrar dela, exige usufruir os bens acumulados a seu lado.
Para se ver livre da amante, que atrapalha seus planos de ascensão social, Romão a denuncia a seus donos como escrava fugida. Em um gesto de desespero, prestes a ser capturada, Bertoleza comete o suicídio, deixando o caminho livre para o casamento de Romão.

ALEGORIA DO BRASIL
Mais do que empregar os preceitos do naturalismo, a obra mostra práticas recorrentes no Brasil do século XIX. Na situação de capitalismo incipiente, o explorador vivia muito próximo ao explorado, daí a estalagem de João Romão estar junto aos pobres moradores do cortiço. Ao lado, o burguês Miranda, de projeção social mais elevada que João Romão, vive em seu palacete com ares aristocráticos e teme o crescimento do cortiço. Por isso pode-se dizer que O Cortiço não é somente um romance naturalista, mas uma alegoria do Brasil.

O autor naturalista tinha uma tese a sustentar sua história. A intenção era provar, por meio da obra literária, como o meio, a raça e a história determinam o homem e o levam à degenerescência.
A obra está a serviço de um argumento. Aluísio se propõe a mostrar que a mistura de raças em um mesmo meio desemboca na promiscuidade sexual, moral e na completa degradação humana. Mas, para além disso, o livro apresenta outras questões pertinentes para pensar o Brasil, que ainda são atuais, como a imensa desigualdade social.

Link (fonte): http://guiadoestudante.abril.com.br/home

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Jogos Educativos e em Inglês

Squares with vowels

new Try to click away the largest possible number of squares with the same vowel. The bigger the block, the higher the points. Each block has to consist of 2 squares minimum.
Vokalquadrate, zum Spielen hier klicken

Word Salad

Reading, Writing. Try to build the given word by clicking the letters in the right order.
Word-Salad, click here for playing

Mahjong with Syllables

Remove all pairs of equal tiles by clicking them with the mouse. You can move all tiles, which you can push to the left or to the right.
Mahjong, click here for playing

Raining Words

Reading, Writing and concentration. Try to build a word with the falling letters. For control use the arrow keys (left, right, down).
Raining Words, click here for playing

Shuffle

Reading, Writing and combination. Try to write the given word, pushing the letters with the little dwarf. Use the arrow keys (left, right, up, down) to move the dwarf.
Shuffle, click here for playing

Memory

Reading and concentration. Look for two cards and try to find a pair.
Memori, click here for playing

Maze

Try to move the yellow point to the right exit. Use the arrow keys (left, right, up, down).
Maze, click here for playing

Memofix

Reading and concentration. Try to remember the correct order of the words.
Memofix, click here for playing

1x1

Calculating. Just click the correct result.
1x1, click here for playing
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Filme: O Menino de Pijama Listrado




Resumo Do Filme

Alemanha, Segunda Guerra Mundial. O menino Bruno (Asa Butterfield), de 8 anos, é filho de um oficial nazista (David Tewlis) que assume um cargo importante em um campo de concentração. Sem saber realmente o que seu pai faz, ele deixa Berlim e se muda com ele e a mãe (Vera Farmiga) para uma área isolada, onde não há muito o que fazer para uma criança com a idade dele. Os problemas começam quando ele decide explorar o local e acaba conhecendo Shmuel (Jack Scanlon), um garoto de idade parecida, que vive usando um pijama listrado e está sempre do outro lado de uma cerca eletrificada. A amizade cresce entre os dois e Bruno passa, cada vez mais, a visitá-lo, tornando essa relação mais perigosa do que eles imaginam.

domingo, 21 de outubro de 2012

A Estrutura de um Romance

O romance, em sua história, tem sofrido metamorfoses de uma época para outra, o que dificulta envolvê-lo em definições precisas. Portanto, os elementos que veremos a seguir têm como base a estrutura de uma narrativa tradicional. Nessa narrativa atuam personagens, que praticam ações em um espaço e tempo determinados. Estes são os elementos básicos que estruturam um romance clássico.
AÇÃO - Não raro, a ação é confundida com enredo, ou com assunto. Ação é o conjunto, ou a seqüência de acontecimentos (gestos e atos) no transcorrer de uma narrativa (conto, novela, romance ou peça teatral) que se desenvolve em determinados espaços e ao longo de um período de tempo (mais ou menos extenso). Sendo ação a seqüência de acontecimentos que formam o enredo, existem várias possibilidades de composição dessa seqüência, a saber:
a) Encadeamento - as seqüências sucedem-se segundo a ordem cronológica dos acontecimentos: A1 => A2 => A3 => A4 => An
b) Encaixe - uma ação é introduzida no meio de outra, cuja narração é interrompida, para ser retomada mais tarde: A1 => B1 => A2 => A3
c) Alternância - duas ou mais ações vão sendo narradas alternadamente: A1 => B1 => A2 => B2 => A3
Cabe lembrar que, para uma seqüência de acontecimentos se constituir uma ação, elas devem estar relacionadas entre si, isto é, girando em torno da mesma questão, formando a unidade da ação, que por sua vez forma o núcleo dramático ou a célula dramática: A1 + A2 + A3... = (•) (uma célula dramática).
Tanto o romance quanto a novela apresentam uma série de conflitos ou células dramáticas, porém, no romance são menos numerosas do que nas novelas. Em princípio, não há limite numérico para os núcleos dramáticos que podem compor um romance.
Há, geralmente, no romance, um núcleo dramático central (ação principal, de interesse maior) e outros pequenos núcleos, que vão sendo desenvolvidos ao mesmo tempo, em torno do núcleo central e, a este, intimamente ligados, configurando, assim, uma teia de conflitos que se inter-relacionam:
Drama Secundário ===> [CENTRAL] <===Drama Secundário
Tomemos como exemplo O Primo Basílio, de Eça de Queirós. O drama central é formado por uma história de adultério: Luísa, viciada em não fazer nada, entrega-se ao primo Basílio, durante a ausência marido, para fugir ao tédio em que vegeta. O conflito do núcleo central se estrutura quando a criada Juliana se apodera das cartas de Luísa ao amante. De posse destas, passa a chantageá-la e assim exercer absoluto domínio sobre Luísa. Aí está o foco central do romance. À sua volta vão se formando outros dramas secundários interconjugados: o de Sebastião, ex-namorado de Luísa, numa contemplação lírica e impotente; o Conselheiro Acácio, amancebado com a empregada etc. Todos eles formam o pano de fundo social para o “caso” Luísa-Basílio.
Nunca é demais insistir que este sistema não é rígido e nem exclusivo, mas que pode ser alterado segundo as intenções do autor.
NÚMERO DE PERSONAGENS - o número de personagens, variam de obra a obra conforme a vontade do romancista e as necessidades impostas pelos dramas. O mínimo, porém, são duas personagens; do contrário, o conflito não se estabelece. E mesmo que uma só personagem ocupasse a cena, o conflito existiria se o seu interlocutor fosse convertido em pensamentos ou lembranças com os quais se conflitaria: o protagonista elabora mentalmente o conflito com outra personagem apenas representada pelas falas que compõem o monólogo interior. É o caso de Perto do Coração Selvagem (Clarice Lispector).
APRESENTAÇÃO DAS PERSONAGENS - As personagens vão adquirindo forma à medida que a narração evolui. No romance, para apresentar as personagens, o narrador pode valer-se dos seguintes métodos:
a) Explícito ou Direto – Os traços físicos e/ou psicológicos da personagem são fornecidos explicitamente, quer pela própria personagem (autocaracterização), quer pelo narrador ou por outras personagens (heterocaracterização):
“Bem, o sargento era um pretão muito benquisto na cidade. Tinha uma cara redonda, luzidia e brava, mas quando sorria, mostrando a dentadura mais branca que reclame de pasta dentifrícia, ganhava todas as simpatias. Era forte, troncudo e não muito alto.” (Tiro de guerra, Mário Donato)
b) Implícito ou Indireto – Os traços característicos da personagem vão se revelando a partir das suas atitudes e comportamentos no transcorrer da narrativa. É observando as personagens em ação que o leitor constrói o seu retrato físico e psicológico. ®Sérgio.

Texto retirado do Recanto das Letras do autor Ricardo Sérgio. 

Cinco passos para começar a escrever um romance:



1 - A primeira coisa a se pensar: "sou um bom leitor?". Afinal, não há escritor que deteste ler. Até porque o interesse pela escrita surge justamente pelo encantamento com a leitura.

2 - O segundo passo é extremamente óbvio: ter alguma ideia de qual será o tema principal do romance. Fazer um aparato geral, mesmo que seja mentalmente, da história a ser contada. Por exemplo, imaginemos que você iria escrever Ensaio Sobre a Cegueira. O principal da história seria: uma epidemia de cegueira branca. Essa idéia central, claro, deve ser algo pensado como inédito, criativo e interessante.

3 - Ter uma boa biblioteca. Mas não me refiro àquela física, mas a de conhecimento. Imaginar que toda a carga de leitura prévia servirá de base para a produção do romance. Nada de plágio, de forma alguma, mas é importante conhecer os bons autores, para, assim, absorver as boas estruturas narrativas, as boas histórias. E o mais importante, talvez, seja a leitura de livros possivelmente semelhantes à imaginada nova obra. Ou seja, se você pretende escrever um romance policial, leia o máximo possível autores deste estilo.

4- Sabendo do que se trata o futuro romance, é hora da pesquisa. Este pode ser um passo ainda mais importante se o romance se baseará, por exemplo, em algum fato histórico. É absolutamente impossível, digamos, escrever um Viva o Povo Brasileiro sem aprofundar-se em pesquisas sobre a história do Brasil. Vá a bibliotecas, compre livros, estude, estude, estude bastante. E, claro, sempre anote. Cultive um caderno para anotações - ou um arquivo em word no computador - especial para as pesquisas. Mas, de forma alguma, as dê como concluídas. É muito possível que, lá no meio do processo de escrita, você acabe encontrando algum detalhe que necessite de embasamento histórico, geográfico, científico, sociológico...

5 - Este é o momento do planejamento. Não acredite que você irá escrever um romance, seja o tamanho que for, sem esquematizá-lo previamente. Faça tudo, claro, do seu jeito. Mas não deixe de montar o esqueleto do enredo. No decorrer da escrita surgirão novas ideias, que podem ser acrescentadas, ou algumas outras retiradas. De qualquer forma, mantenha seu planejamento em vista, sempre atualizando-o.

Depois dos passos anteriores, chegou a hora de começar a escrever. O que se pode aconselhar neste momento? Paciência. E lembre-se: o trabalho de escritor não é meramente intelectual. É um trabalho, acredite, também braçal. Afinal, as letras não aparecem sozinhas num papel ou numa tela de computador.

Em resumo: Interesse-> Ideia -> Leitura -> Pesquisa -> Planejamento -> Ação

Características do Romance-Narrativa



A obra literária reconhecida como “Romance” é uma grande herdeira do gênero narrativo, a qual consagrou diversos escritores com o surgimento da prosa romântica, que vinha surgindo da Europa em contraposição ao clássico, com outras idéias prosaicas. Vale ressaltar algumas características do romance: *os personagens e os acontecimentos podem ser vários, interligados ao conflito central; *pode ser verossímil ou totalmente fictício; *geralmente narrado na 3ª pessoa; *os personagens antagonistas surgem e desaparecem à deriva dos acontecimentos; *é composto por: ação, espaço, tempo, personagem e foco narrativo;*pode ser de natureza: histórica, de cavalaria, policial, psicológico.

Uma atmosfera psico-social, um mundo de personagens mais denso e complexo, uma aproximação do acontecer cotidiano... A fusão desses elementos num conceito único - o conceito de romance - talvez se torne ainda mais amplo e claro para o leitor atual, pelo acompanhamento do episódio que consagra a origem do próprio romance, na Inglaterra do século 19.