domingo, 21 de outubro de 2012

A Estrutura de um Romance

O romance, em sua história, tem sofrido metamorfoses de uma época para outra, o que dificulta envolvê-lo em definições precisas. Portanto, os elementos que veremos a seguir têm como base a estrutura de uma narrativa tradicional. Nessa narrativa atuam personagens, que praticam ações em um espaço e tempo determinados. Estes são os elementos básicos que estruturam um romance clássico.
AÇÃO - Não raro, a ação é confundida com enredo, ou com assunto. Ação é o conjunto, ou a seqüência de acontecimentos (gestos e atos) no transcorrer de uma narrativa (conto, novela, romance ou peça teatral) que se desenvolve em determinados espaços e ao longo de um período de tempo (mais ou menos extenso). Sendo ação a seqüência de acontecimentos que formam o enredo, existem várias possibilidades de composição dessa seqüência, a saber:
a) Encadeamento - as seqüências sucedem-se segundo a ordem cronológica dos acontecimentos: A1 => A2 => A3 => A4 => An
b) Encaixe - uma ação é introduzida no meio de outra, cuja narração é interrompida, para ser retomada mais tarde: A1 => B1 => A2 => A3
c) Alternância - duas ou mais ações vão sendo narradas alternadamente: A1 => B1 => A2 => B2 => A3
Cabe lembrar que, para uma seqüência de acontecimentos se constituir uma ação, elas devem estar relacionadas entre si, isto é, girando em torno da mesma questão, formando a unidade da ação, que por sua vez forma o núcleo dramático ou a célula dramática: A1 + A2 + A3... = (•) (uma célula dramática).
Tanto o romance quanto a novela apresentam uma série de conflitos ou células dramáticas, porém, no romance são menos numerosas do que nas novelas. Em princípio, não há limite numérico para os núcleos dramáticos que podem compor um romance.
Há, geralmente, no romance, um núcleo dramático central (ação principal, de interesse maior) e outros pequenos núcleos, que vão sendo desenvolvidos ao mesmo tempo, em torno do núcleo central e, a este, intimamente ligados, configurando, assim, uma teia de conflitos que se inter-relacionam:
Drama Secundário ===> [CENTRAL] <===Drama Secundário
Tomemos como exemplo O Primo Basílio, de Eça de Queirós. O drama central é formado por uma história de adultério: Luísa, viciada em não fazer nada, entrega-se ao primo Basílio, durante a ausência marido, para fugir ao tédio em que vegeta. O conflito do núcleo central se estrutura quando a criada Juliana se apodera das cartas de Luísa ao amante. De posse destas, passa a chantageá-la e assim exercer absoluto domínio sobre Luísa. Aí está o foco central do romance. À sua volta vão se formando outros dramas secundários interconjugados: o de Sebastião, ex-namorado de Luísa, numa contemplação lírica e impotente; o Conselheiro Acácio, amancebado com a empregada etc. Todos eles formam o pano de fundo social para o “caso” Luísa-Basílio.
Nunca é demais insistir que este sistema não é rígido e nem exclusivo, mas que pode ser alterado segundo as intenções do autor.
NÚMERO DE PERSONAGENS - o número de personagens, variam de obra a obra conforme a vontade do romancista e as necessidades impostas pelos dramas. O mínimo, porém, são duas personagens; do contrário, o conflito não se estabelece. E mesmo que uma só personagem ocupasse a cena, o conflito existiria se o seu interlocutor fosse convertido em pensamentos ou lembranças com os quais se conflitaria: o protagonista elabora mentalmente o conflito com outra personagem apenas representada pelas falas que compõem o monólogo interior. É o caso de Perto do Coração Selvagem (Clarice Lispector).
APRESENTAÇÃO DAS PERSONAGENS - As personagens vão adquirindo forma à medida que a narração evolui. No romance, para apresentar as personagens, o narrador pode valer-se dos seguintes métodos:
a) Explícito ou Direto – Os traços físicos e/ou psicológicos da personagem são fornecidos explicitamente, quer pela própria personagem (autocaracterização), quer pelo narrador ou por outras personagens (heterocaracterização):
“Bem, o sargento era um pretão muito benquisto na cidade. Tinha uma cara redonda, luzidia e brava, mas quando sorria, mostrando a dentadura mais branca que reclame de pasta dentifrícia, ganhava todas as simpatias. Era forte, troncudo e não muito alto.” (Tiro de guerra, Mário Donato)
b) Implícito ou Indireto – Os traços característicos da personagem vão se revelando a partir das suas atitudes e comportamentos no transcorrer da narrativa. É observando as personagens em ação que o leitor constrói o seu retrato físico e psicológico. ®Sérgio.

Texto retirado do Recanto das Letras do autor Ricardo Sérgio. 

5 comentários:

  1. AMEI TUDO E MAIS FACIL DE APRENDER DESSE JEITO DO K LENDO NA SALA DE AULA POIS A KI A GENTE FICA MAS CONCENTRADO

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  2. Pois faço bom uso. A leitura só engrandece aquele que lê.

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    1. Eu gostei muito da crônica As consequências das drogas,pois mostra um do qual eu acho bastante enteresante.

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  3. helder.eu acho que entende com e a estrutura de um romance

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  4. helder e bem melhor aprender aqui lendo sosinho que nos tiramos as nossas propias duvidas

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