domingo, 27 de agosto de 2017
quarta-feira, 5 de julho de 2017
DOCUMENTOS ACADÊMICOS
MONOGRAFIAS - DOCUMENTOS APROVADOS E QUE PODEM AJUDÁ-LOS NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
Estágio Supervisionado
As Concepções e as Contribuições dos Valores Educativos
Dificuldades de Aprendizagem na Leitura e Escrita
As Concepções e as Contribuições dos Valores Educativos
Dificuldades de Aprendizagem na Leitura e Escrita
sábado, 11 de março de 2017
DEVER DE CASA, NECESSÁRIO PARA A COMPLEMENTAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR
O dever de casa é uma
ferramenta que complementa o aprendizado assimilado pelo discente na escola.
Cabe ao professor orientá-lo da melhor maneira possível, a fim de que a criança
ou mesmo o adolescente consiga compreender e ser capaz de resolvê-lo. Nesse espaço,
entra como parceiro a família, possibilitando que esta atividade seja
realizada, assim com a participação dos pais no acompanhamento da atividade dos
filhos, o processo educativo só tende a se desenvolver. (GREGÓRIO)
ATIVIDADE 1
UM CASO DE
BURRO
Quinta-feira à tarde, pouco mais de três horas, vi uma coisa tão interessante, que determinei logo de começar por ela esta crônica. Agora, porém, no momento de pegar na pena, receio achar no leitor menor gosto que eu para um espetáculo, que lhe parecerá vulgar, e porventura torpe. Releve a importância; os gostos não são iguais.
Entre
a grade do jardim da Praça Quinze de Novembro e o lugar onde era o antigo
passadiço, ao pé dos trilhos de bondes, estava um burro deitado. O lugar não
era próprio para remanso de burros, donde concluí que não estaria deitado, mas
caído. Instantes depois, vimos (eu ia com um amigo), vimos o burro levantar a
cabeça e meio corpo. Os ossos furavam-lhe a pele, os olhos meio mortos
fechavam-se de quando em quando. O infeliz cabeceava, mais tão frouxamente, que
parecia estar próximo do fim.
Diante
do animal havia algum capim espalhado e uma lata com água. Logo, não foi
abandonado inteiramente; alguma piedade houve no dono ou quem quer que seja que
o deixou na praça, com essa última refeição à vista. Não foi pequena ação. Se o
autor dela é homem que leia crônicas, e acaso ler esta, receba daqui um aperto
de mão. O burro não comeu do capim, nem bebeu da água; estava já para outros
capins e outras águas, em campos mais largos e eternos. Meia dúzia de curiosos
tinha parado ao pé do animal. Um deles, menino de dez anos, empunhava uma vara,
e se não sentia o desejo de dar com ela na anca do burro para espertá-lo, então
eu não sei conhecer meninos, porque ele não estava do lado do pescoço, mas
justamente do lado da anca. Diga-se a verdade; não o fez – ao menos enquanto
ali estive, que foram poucos minutos. Esses poucos minutos, porém, valeram por
uma hora ou duas. Se há justiça na Terra valerão por um século, tal foi a
descoberta que me pareceu fazer, e aqui deixo recomendada aos estudiosos.
O
que me pareceu, é que o burro fazia exame de consciência. Indiferente aos
curiosos, como ao capim e à água, tinha no olhar a expressão dos meditativos.
Era um trabalho interior e profundo. Este remoque popular: por pensar morreu um
burro mostra que o fenômeno foi mal entendido dos que a princípio o viram; o
pensamento não é a causa da morte, a morte é que o torna necessário. Quanto à
matéria do pensamento, não há dúvidas que é o exame da consciência. Agora, qual
foi o exame da consciência daquele burro, é o que presumo ter lido no escasso
tempo que ali gastei. Sou outro Champollion, porventura maior; não decifrei
palavras escritas, mas ideias íntimas de criatura que não podia exprimi-las
verbalmente.
E
diria o burro consigo:
“Por mais que vasculhe a consciência, não acho pecado que mereça
remorso. Não furtei, não menti, não matei, não caluniei, não ofendi nenhuma
pessoa. Em toda a minha vida, se dei três coices, foi o mais, isso mesmo antes
haver aprendido maneiras de cidade e de saber o destino do verdadeiro burro,
que é apanhar e calar. Quando ao zurro, usei dele como linguagem. Ultimamente é
que percebi que me não entendiam, e continuei a zurrar por ser costume velho,
não com ideia de agravar ninguém. Nunca dei com homem no chão. Quando passei do
tílburi ao bonde, houve algumas vezes homem morto ou pisado na rua, mas a prova
de que a culpa não era minha, é que nunca segui o cocheiro na fuga; deixava-me
estar aguardando autoridade.”
“Passando à ordem mais elevada de ações, não acho em mim a menor lembrança de haver pensado sequer na perturbação da paz pública. Além de ser a minha índole contrária a arruaças, a própria reflexão me diz que, não havendo nenhuma revolução declarado os direitos do burro, tais direitos não existem. Nenhum golpe de estado foi dado em favor dele; nenhuma coroa os obrigou. Monarquia, democracia, oligarquia, nenhuma forma de governo, teve em conta os interesses da minha espécie. Qualquer que seja o regime, ronca o pau. O pau é a minha instituição um pouco temperada pela teima que é, em resumo, o meu único defeito. Quando não teimava, mordia o freio dando assim um bonito exemplo de submissão e conformidade. Nunca perguntei por sóis nem chuvas; bastava sentir o freguês no tílburi ou o apito do bonde, para sair logo. Até aqui os males que não fiz; vejamos os bens que pratiquei.”
“Passando à ordem mais elevada de ações, não acho em mim a menor lembrança de haver pensado sequer na perturbação da paz pública. Além de ser a minha índole contrária a arruaças, a própria reflexão me diz que, não havendo nenhuma revolução declarado os direitos do burro, tais direitos não existem. Nenhum golpe de estado foi dado em favor dele; nenhuma coroa os obrigou. Monarquia, democracia, oligarquia, nenhuma forma de governo, teve em conta os interesses da minha espécie. Qualquer que seja o regime, ronca o pau. O pau é a minha instituição um pouco temperada pela teima que é, em resumo, o meu único defeito. Quando não teimava, mordia o freio dando assim um bonito exemplo de submissão e conformidade. Nunca perguntei por sóis nem chuvas; bastava sentir o freguês no tílburi ou o apito do bonde, para sair logo. Até aqui os males que não fiz; vejamos os bens que pratiquei.”
“A
mais de uma aventura amorosa terei servido, levando depressa o tílburi e o
namorado à casa da namorada – ou simplesmente empacando em lugar onde o moço
que ia ao bonde podia mirar a moça que estava na janela. Não poucos devedores
terei conduzido para longe de um credor importuno. Ensinei filosofia a muita
gente, esta filosofia que consiste na gravidade do porte e na quietação dos
sentidos. Quando algum homem, desses que chamam patuscos, queria fazer rir os
amigos, fui sempre em auxílio deles, deixando que me dessem tapas e punhadas na
cara. Em fim...”
Não
percebi o resto, e fui andando, não menos alvoroçado que pesaroso. Contente da
descoberta, não podia furtar-me à tristeza de ver que um burro tão bom pensador
ia morrer. A consideração, porém, de que todos os burros devem ter os mesmos
dotes principais, fez-me ver que os que ficavam não seriam menos exemplares do
que esse. Por que se não investigará mais profundamente o moral do burro? Da
abelha já se escreveu que é superior ao homem, e da formiga também,
coletivamente falando, isto é, que as suas instituições políticas são
superiores às nossas, mais racionais. Por que não sucederá o mesmo ao burro,
que é maior?
Sexta-feira,
passando pela Praça Quinze de Novembro, achei o animal já morto.
Dois meninos, parados, contemplavam o cadáver, espetáculo repugnante; mas a infância, como a ciência, é curiosa sem asco. De tarde já não havia cadáver nem nada. Assim passam os trabalhos deste mundo. Sem exagerar o mérito do finado, força é dizer que, se ele não inventou a pólvora, também não inventou a dinamite. Já é alguma coisa neste final de século. Requiescat in pace.
Dois meninos, parados, contemplavam o cadáver, espetáculo repugnante; mas a infância, como a ciência, é curiosa sem asco. De tarde já não havia cadáver nem nada. Assim passam os trabalhos deste mundo. Sem exagerar o mérito do finado, força é dizer que, se ele não inventou a pólvora, também não inventou a dinamite. Já é alguma coisa neste final de século. Requiescat in pace.
Machado de
Assis.
https://www.escrevendoofuturo.org.br/conteudo/biblioteca/nossas-publicacoes/revista/paginas-literarias/artigo/457/coletanea-de-textos-do-caderno-a-ocasiao-faz-o-escritor-um-caso-de-burro
EXPLORANDO
O TEXTO
01. A
história relatada acontece
(A) num
estábulo.
(B) num
quintal.
(C) próximo
de um jardim.
(D) numa
praça.
02. No
trecho: “Meia dúzia de
curiosos tinha parado ao pé do animal. Um deles, menino de dez anos, empunhava
uma vara, e se não sentia o desejo de dar com ela na anca do burro para espertá-lo, então eu não sei conhecer meninos, porque ele não
estava do lado do pescoço, mas justamente do lado da anca. Diga-se a verdade;
não o fez – ao menos enquanto ali estive, que foram poucos minutos”.
O pronome destacado substitui
(A) o
narrador.
(B) o
burro.
(C) o
menino.
(D) o
povo.
03. A
situação que gerou o conflito da narrativa foi
(A) o
fato de o burro está caído num lugar inapropriado.
(B) o
abandono do animal pelo dono.
(C) a
aglomeração das pessoas ao redor do bicho.
(D) o
fato de o animal parecer estar quase morto.
04. Em
qual pessoa foi escrita a história do texto?
(A) 1ª
pessoa do singular.
(B) 2ª
pessoa do plural.
(C) 3ª
pessoa do singular.
(D) 3ª
pessoa do plural.
05. Associe
de acordo com as informações do texto.
(A) Informação
explícita.
(B) Informação
principal.
(C) Tema
do texto.
(D) Objetivo
do texto.
(__) Compara-se com a escravidão do negro.
(__) Levar o leitor a perceber melhor a
crítica feita ao tipo
de humano que valoriza a submissão e a
conformidade.
(__) Um burro caído numa praça.
(__) Trata-se do
descaso do animal comparado com o sofrimento na época da escravatura no Brasil.
06. O gênero deste texto é
(A) conto.
(B) relato histórico.
(C) fábula.
(D) crônica.
07. Nesse trecho: “Quinta-feira
à tarde, pouco mais de três horas, vi uma coisa tão interessante, que
determinei logo de começar por ela esta crônica...“; a fala
colocada entre aspas é do
(A) burro.
(B) dono do
animal.
(C) narrador.
(D) amigo do
narrador.
08. De que modo o autor finaliza sua
história?
09. Em sua opinião, será que o ser humano como o burro pode
ser deixado a própria sorte? De que modo?
ATIVIDADE 2
Leia o texto abaixo, para responder às questões de 1 a 10.
OUSADIA
A moça ia no ônibus muito contente
desta vida, mas, ao saltar, a contrariedade se anunciou:
- A sua passagem já está paga, disse
o motorista.
- Paga por quem?
- Esse cavalheiro aí:
E apontou um mulato bem vestido que acabara de
deixar o ônibus, e aguardava com um sorriso junto à calçada.
- É algum engano, não conheço esse homem. Faça o favor de receber.
- Mas já está paga...
- Mas já está paga...
Faça
o favor de receber! – insistiu ela, estendendo o dinheiro e falando bem
alto para que o homem ouvisse:
- Já disse que não conheço! Sujeito
atrevido, ainda fica ali me esperando, o senhor não está vendo? Por favor, faço
questão que o senhor receba minha passagem.
O motorista ergueu os ombros e acabou
recebendo: melhor para ele, ganhava duas vezes.
Foi seguindo pela rua sem olhar para
ele.
Se olhasse, veria que ele a seguia, meio
ressabiado, a alguns passos.
Somente quando dobrou à direita para
entrar no edifício onde morava, arriscou uma espiada: lá vinha ele! Correu para
o apartamento, que era no térreo, pôs-se a bater aflita:
- Abre! Abre aí!
A empregada veio abrir e ela irrompeu
pela sala, contando aos pais atônitos, em termos confusos, a sua aventura.
- Descarado, como é que tem coragem? Me seguiu até aqui!
De súbito, ao voltar-se, viu pela
porta aberta que o homem ainda estava lá fora, no saguão. Protegida pela presença dos pais, ousou enfrentá-lo
- Olha ele ali! É ele, venha ver!
Ainda está ali, o sem-vergonha. Mas que ousadia!
Todos se precipitaram para a porta. A
empregada levou as mãos à cabeça.
- Mas a senhora, como é que pode! É o
Marcelo.
- Marcelo? Que Marcelo? – a moça se
voltou surpreendida.
- Marcelo, o meu noivo. A senhora
conhece ele, foi quem pintou o apartamento.
A moça só faltou morrer de vergonha:
- É mesmo, é o Marcelo! Como é que
não reconheci! Você me desculpe, Marcelo, por favor.
No saguão, Marcelo torcia as mãos
encabulado:
- A senhora é que me desculpe, foi
muita ousadia.
Fernando Sabino. http://textoemmovimento.blogspot.com.br/2015/07/ousadia-interpretacao-cronica-89-ano.html
01. Associe de acordo com o seguinte código.
(A)
Situação inicial.
(B)
Conflito.
(C)
Clímax.
(D) Desfecho.
(__) Ao subir para
seu apartamento, a moça percebe que o homem que a estava seguindo está no
saguão do prédio.
(__) Surpreende-se
ao saber que a passagem já foi paga por um rapaz que a espera.
(__) Uma moça, no
ônibus, vai pagar a passagem.
(__) A moça só
faltou morrer de vergonha porque descobre que o homem não era suspeito e sim o
noivo de sua empregada, ela não o havia reconhecido.
02. O gênero deste texto é
(A)
Conto.
(B)
Artigo científico.
(C)
Crônica.
(D) Relatório.
03. A linguagem utilizada pelo autor no texto se dá através
(A)
De registro informal.
(B)
De registro regional.
(C)
De registro formal-informal.
(D) De registro formal.
04. No trecho “No saguão, Marcelo torcia as
mãos encabulado:...” A palavra destacada significa
(A)
Envergonhado.
(B)
Decepcionado.
(C)
Desavergonhado.
(D) Indecente.
05. Nesse trecho “A moça ia no ônibus muito contente desta vida, mas, ao saltar, ...” essa fala refere-se a qual personagem?
(A)
Marcelo.
(B)
Empregada.
(C)
O motorista.
(D) O narrador.
06. Nesse trecho “...Todos se
precipitaram para a porta. A empregada levou as mãos à cabeça....” A expressão em destaque significa
(A)
Surpresa.
(B) Arrependida.
(C) Envergonhada.
(D) Indignada.
(B) Arrependida.
(C) Envergonhada.
(D) Indignada.
07. O trecho do texto a seguir “Já disse que não conheço! Sujeito atrevido, ainda
fica ali me esperando, o
senhor não está vendo? Por favor, faço questão que o senhor receba minha passagem.” As palavras destacadas são respectivamente
(A) Pronome possessivo, pronome oblíquo,
advérbio de lugar, advérbio de negação.
(B) Advérbio de negação, advérbio de lugar, pronome oblíquo , pronome possessivo.
(C) Pronome oblíquo, advérbio de negação,
advérbio de lugar, pronome possessivo.
(D) Advérbio de lugar, pronome possessivo, advérbio de negação, pronome
oblíquo.
08. De acordo com a leitura do texto, fica subentendido a questão
(A) da discussão entre a passageira e o
motorista.
(B) da passagem paga.
(C) a perseguição do mulato à moça.
(D) a vergonha da jovem.
09. No trecho a seguir “Se olhasse, veria que ele a seguia, meio ressabiado, a alguns
passos”. O pronome destacado substitui
(A) A moça..
(B) A noiva do mulato.
(C) Outra passageira do ônibus.
(D) A mãe da empregada.
10. O tema do texto é
(A) O preconceito racial e social.
(B) A discriminação racial.
(C) O assédio em transporte público.
(D) A surpresa pela passagem paga.
ATIVIDADE 3
Responda às questões de 1 a 5,
consultando o texto.
O MENINO
Vou fazer um apelo. É o caso de
um menino desaparecido.
Ele tem 11 anos, mas parece
menos; pesa 30 quilos, mas parece menos; é brasileiro, mas parece menos.
É um menino normal, ou seja:
subnutrido, desses milhares de meninos que não pediram pra nascer; ao
contrário: nasceram pra pedir.
Calado demais pra sua idade,
sofrido demais pra sua idade, com idade demais pra sua idade. É, como a
maioria, um desses meninos de 11 anos que ainda não tiveram infância.
Parece ser menor carente, mas,
se é, não sabe disso. Nunca esteve na Febem, portanto, não teve tempo de
aprender a ser criança-problema. Anda descalço por amor à bola.
Suas roupas são de segunda mão,
seus livros são de segunda mão e tem a desconfiança de que a sua própria
história alguém já viveu antes.
Do amor não correspondido pela
professora, descobriu que viver dói. Viveu cada verso de "Romeu e
Julieta", sem nunca ter lido a história.
Foi Dom
Quixote sem precisar de Cervantes e sabe, por intuição, que o mundo pode ser um
inferno ou uma badalação, dependendo se ele é visto pelo Nelson Rodrigues ou
pelo Gilberto Braga.
De seu,
tinha uma árvore, um estilingue zero quilômetro e um pássaro preto que cantava
no dedo e dormia em seu quarto.
Tímido até
a ousadia, seus silêncios gritavam nos cantos da casa e seus prantos eram
goteiras no telhado de sua alma.
Trajava,
na ocasião em que desapareceu, uns olhos pretos muito assustados e eu não digo
isso pra ser original: é que a primeira coisa que chama a atenção no menino são
os grandes olhos, desproporcionais ao tamanho do rosto.
Mas usava
calças curtas de caroá, suspensórios de elástico, camisa branca e um estranho
boné que, embora seguro pelas orelhas, teimava em tombar pro nariz.
Foi visto
pela última vez com uma pipa na mão, mas é de todo improvável que a pipa o
tenha empinado. Se bem que, sonhador do jeito que ele é, não duvido nada.
Sequestrado,
não foi, porque é um menino que nasceu sem resgate.
Como vocês
veem, é um menino comum, desses que desaparecem às dezenas todos os dias.
Se alguém souber de alguma notícia, me
procure, por favor, porque... ou eu encontro de novo esse menino que um dia eu
fui, ou eu não sei o que vai ser de mim.
(Chico Anysio. Disponível em:
http://oglobo.globo.com/cultura/um-autorretrato-inedito-de-chico-anysio-4428439.
Acesso em: 27/6/2014.)
01. O gênero desse texto é
(A) Conto.
(B) Crônica.
(C) Diário.
(D) Anúncio.
02. Qual o vocábulo que expressa uma
opinião?
(A) “O apelo de um menino desaparecido.”
(B) “Se toda criança tivesse infância,
seria um adulto feliz.”
(C) “Dom Quixote foi um sonhador do jeito
que era.”
(D) “Se souber de alguma notícia me
procure.”
03. O principal assunto do texto é
(A) A pouca atenção que se dá a infância
no Brasil.
(B) O desaparecimento de crianças no
Brasil.
(C) A precariedade da educação dos
filhos.
(D) A pobreza que ainda rege na maior
parte do Brasil.
04. Qual é o objetivo do texto?
(A) Mostrar a falta que a infância faz na
vida de uma criança.
(B) O descaso da gestão pública em
relação às crianças de rua.
(C) A ausência da família na vida dos
filhos.
(D) A falta da afetividade no ambiente
escolar.
05. Qual é o vocábulo que apresenta uma
informalidade?
(A) “... desses milhares de meninos que
não pediram pra nascer,...”
(B) “Parece ser menor carente, mas, se é,
não sabe disso.”
(C) ‘Viveu cada verso de "Romeu e
Julieta", sem nunca ter lido a história.’
(D) “Sequestrado, não foi, porque é um
menino que nasceu sem resgate.”
ATIVIDADE 4
MEDO
DA ETERNIDADE
Jamais esquecerei o
meu aflitivo e dramático contato com a eternidade.
Quando eu era muito
pequena ainda não tinha provado chicles e mesmo em Recife falava-se pouco
deles. Eu nem sabia bem de que espécie de bala ou bombom se tratava. Mesmo o
dinheiro que eu tinha não dava para comprar: com o mesmo dinheiro eu lucraria
não sei quantas balas.
Afinal minha irmã
juntou dinheiro, comprou e ao sairmos de casa para a escola me explicou:
- Como não acaba? -
Parei um instante na rua, perplexa.
- Não acaba nunca, e
pronto.
- Eu estava boba:
parecia-me ter sido transportada para o reino de histórias de príncipes e
fadas. Peguei a pequena pastilha cor-de-rosa que representava o elixir do longo
prazer. Examinei-a, quase não podia acreditar no milagre. Eu que, como outras
crianças, às vezes tirava da boca uma bala ainda inteira, para chupar depois,
só para fazê-la durar mais. E eis-me com aquela coisa cor-de-rosa, de aparência
tão inocente, tornando possível o mundo impossível do qual já começara a me dar
conta.
- Com delicadeza,
terminei afinal pondo o chicle na boca.
- E agora que é que
eu faço? - Perguntei para não errar no ritual que certamente deveria haver.
- Agora chupe o
chicle para ir gostando do docinho dele, e só depois que passar o gosto você
começa a mastigar. E aí mastiga a vida inteira. A menos que você perca, eu já
perdi vários.
- Perder a
eternidade? Nunca.
O adocicado do chicle
era bonzinho, não podia dizer que era ótimo. E, ainda perplexa,
encaminhávamo-nos para a escola.
- Acabou-se o
docinho. E agora?
- Agora mastigue para
sempre.
Assustei-me, não
saberia dizer por que. Comecei a mastigar e em breve tinha na boca aquele
puxa-puxa cinzento de borracha que não tinha gosto de nada. Mastigava,
mastigava. Mas me sentia contrafeita. Na verdade eu não estava gostando do
gosto. E a vantagem de ser bala eterna me enchia de uma espécie de medo, como
se tem diante da ideia de eternidade ou de infinito.
Eu não quis confessar
que não estava à altura da eternidade. Que só me dava aflição. Enquanto isso,
eu mastigava obedientemente, sem parar.
Até que não suportei
mais, e, atravessando o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado
cair no chão de areia.
-
Olha só o que me aconteceu! - Disse eu em fingidos espanto e tristeza. - Agora
não posso mastigar mais! A bala acabou!
- Já lhe disse -
repetiu minha irmã - que ela não acaba nunca. Mas a gente às vezes perde. Até
de noite a gente pode ir mastigando, mas para não engolir no sono a gente prega
o chicle na cama. Não fique triste, um dia lhe dou outro, e esse você não
perderá.
Eu estava
envergonhada diante da bondade de minha irmã, envergonhada da mentira que
pregara dizendo que o chicle caíra na boca por acaso.
Mas aliviada. Sem o
peso da eternidade sobre mim.
Clarice Lispector.
COMPREENSÃO
E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
Responda às questões abaixo, com base no texto “Medo
da Eternidade”, de Clarice Lispector.
Releia a primeira frase do texto: “Jamais esquecerei o meu aflitivo e
dramático contato com a eternidade.”
01.
Com
o trecho acima a cronista se refere ao seguinte episódio
(A) quando mascou chiclete pela 1ª vez.
(B)
da irmã ter dado chiclete e recomendado para
não perder nunca.
(C)
da ingenuidade da menina ao receber a bala.
(D)
Por deixa-la cair, devido ao peso da
responsabilidade.
02.
Releia
esse trecho do sétimo parágrafo: “Peguei a pequena pastilha cor-de-rosa que
representava o elixir do longo prazer.”
Qual é o sentido da expressão em destaque?
(A) Poção mágica, capaz de proporcionar prazer por bastante
tempo.
(B)
Essência aromatizante, que exala um cheiro
agradável.
(C)
Remédio utilizado para impotência sexual.
(D)
O apimentamento do amor entre um casal.
03.
O
tema do texto é
(A)
a eternidade.
(C) o maior medo do ser humano.
(B)
a morte. (D) a
fragilidade humana.
04.
A
forma como a expressão “elixir
do longo prazer” foi
utilizada no texto,
assume um tom
(A)
coloquial.
(C) irônico.
(B)
contraditório. (D)
negativo.
05.
No
trecho “Não
fique triste, um dia lhe dou
outro, e esse você não perderá”,
o pronome em destaque substitui
(A)
a menina. (C) a mãe da narradora.
(B)
a irmã da
menina. (D) outro personagem.
06.
O
gênero do texto é
(A)
conto.
(C) diário.
(B)
relato
de memórias. (D) crônica.
07.
Qual
é a opção que expressa uma opinião?
(A)
“Quando eu era muito pequena ainda não tinha
provado chicles...”
(B)
“Com delicadeza, terminei afinal pondo o chicle
na boca...”
(C)
“... minha irmã juntou dinheiro, comprou e ao
sairmos de casa para a
escola me explicou...”
(D)
“O adocicado do chicle era bonzinho, não podia
dizer que era ótimo...”
08.
O
objetivo do texto é
(A)
ressaltar a fragilidade humana e fazer uma
reflexão.
(B)
mostrar a ingenuidade da autora quando pequena.
(C)
contar ao leitor de modo simplório o que é a
eternidade.
(D)
conduzir o leitor a compreender o outro plano
que está além deste.
09.
A
narradora do texto em estudo é
(A)
personagem. (C) onisciente.
(B)
observadora. (D)
neutra.
10.
O que gerou a situação conflituosa da narrativa
foi
(A)
a bala mastigada pela menina e as explicações
dada pela irmã.
(B)
a menina fingir que deixou cair o chicle no
chão sem querer.
(C)
a menina reconhecer que não suportaria o peso
da eternidade.
(D)
a forma simplória como a autora desenvolveu o
tema abordado.
RESPOSTAS
1) A. 2) A. 3) B. 4) C. 5) A. 6) D. 7) D. 8) A. 9) A. 10) A.
Responda às questões abaixo, com base no texto de L.F.Riesemberg.
O TREM DA MEIA NOITE
Dava para ouvir quando ele passava, sempre por
volta da meia noite. Quando criança, Richard ficava acordado em sua cama até
ouvir o apito, e imaginava como era o trem, para onde iria, que carga levava e
quem estaria a bordo. Durante o dia ele ia brincar perto dos trilhos, mas nunca
viu a locomotiva. O único horário em que ela passava era tarde demais para se
estar por lá. "Um dia quero ficar ao lado da linha para vê-lo soltando fumaça", pensava. Mas acabava nunca indo. Apenas ouvia aquele silvo agudo, ao longe, na hora de dormir.
Assim foi durante anos, até que o trem parou de apitar. Foi de repente, numa noite qualquer. O relógio marcou meia noite, depois uma da manhã, duas, e nada. Ele simplesmente não passou pela cidade, e isso se seguiu nas noites seguintes, e então nunca mais.
Richard lamentou ter perdido a chance de ver o trem, que sempre tivera papel importante em sua imaginação. Mas aos poucos ele foi se esquecendo que um dia tinha ouvido os apitos. O menino cresceu, começou a trabalhar, casou, teve filhos, eles cresceram, lhe deram netos, enviuvou...
Na velhice, Richard passou a escutar cada vez menos. Tinha sempre que perguntar duas ou três vezes antes de responder uma pergunta, o que irritava os menos pacientes. Sentia-se um velho triste e sem utilidade, cujas antigas histórias não interessavam a mais ninguém.
Foi numa noite de nostalgia que, pouco antes de adormecer, ele o ouviu. Começou baixinho, muito distante, e então foi crescendo. O trem estava passando por lá outra vez.
"Não é possível!", pensou.
Depois de setenta anos a locomotiva estava novamente nos trilhos. O som ia ficando cada vez mais forte, e ele não quis mais esperar. Levantou da cama, calçou os chinelos e saiu de casa, depois caminhou até a linha de trem. Não havia ninguém na rua para estranhar um senhor da sua idade andando de pijamas.
O apito ia ficando cada vez mais forte à medida que Richard se aproximava da linha de ferro, até que eles se encontraram. Pela primeira vez Richard viu aquele enorme dragão de ferro vindo em sua direção, cantarolando e soltando fumaça pela chaminé.
O trem foi diminuindo a velocidade e parou exatamente onde Richard esperava.
__ Viemos especialmente para buscá-lo, Richard - disse o maquinista.
Convertido novamente em um menino, ele subiu os degraus da locomotiva.
__ Eu posso puxar a corda que faz apitar? - perguntou o garoto.
Apesar da ferrovia estar desativada há décadas, todos os moradores da cidade juravam que, na noite em que o velho Richard se foi, ouviram um animado apito de trem chegar aos seus ouvidos.
SOBRE O AUTOR
L.F.Riesemberg,
nascido em 06 de outubro de 1980, é paranaense, natural de São Mateus do Sul, e
mora em Curitiba. Formado em Jornalismo e em Letras, atua profissionalmente
como técnico de ensino no Senai. Apaixonado por literatura fantástica, começou
a escrever influenciado por Stephen King. Hoje inspira-se principalmente nos
autores Ray Bradbury e Roald Dahl, mas também ama Jorge Luís Borges, Guy de
Maupassant e muitos outros. Temas constantes em seus contos: os prazeres e os
terrores da infância. É casado e tem um filho.
ATIVIDADE
5
01.
Associe
de acordo com o seguinte código:
(A)
Situação
inicial.
(B)
Conflito.
(C)
Clímax.
(__) Apesar da ferrovia estar desativada há décadas,
todos os moradores da cidade juravam que, na noite que o velho Richard partiu,
ouviram o apito de trem chegar aos seus ouvidos.
(__) A vontade de Richard em ver uma locomotiva.
(__) O personagem imaginava como era o trem.
(__) O encontro de Richard com a locomotiva.
02.
No
trecho “... Richard lamentou ter perdido a chance de ver o
trem, que sempre tivera papel importante em sua imaginação. Mas aos poucos ele foi se
esquecendo que um dia tinha ouvido os apitos...” O pronome destacado substitui
(A)
trem.
(C) apito.
(B)
maquinista. (D)
Richard.
03.
No
trecho “... foi durante anos, até que o trem parou de apitar. Foi de repente, numa noite qualquer.”
[...]. Qual é o sentido expresso pelo termo em destaque?
(A)
de
súbito. (C)
apressadamente.
(B)
ligeiramente. (D) inesperadamente.
04.
De
acordo com as características do texto, deduz-se que o gênero é
(A)
crônica.
(C) relato de memórias.
(B)
fábula. (D) conto.
05.
Nesse
trecho do texto “Dava para ouvir quando ele passava, sempre por
volta da meia noite. Quando criança, Richard ficava acordado em sua cama até
ouvir o apito, e imaginava como era o trem, para onde iria, que carga levava e
quem estaria a bordo.”
Esta fala é de qual personagem?
(A)
Richard. (C)
narrador.
(B)
de
outro personagem.
(D) dos moradores da cidade.
06.
A
ideia central do texto é
(A)
o
desejo do personagem em conhecer uma locomotiva.
(B)
a
parada do trem onde Richard esperava.
(C)
a
inquietação do personagem para ver o trem.
(D)
a
morte de Richard e seu corpo levado pela locomotiva.
07.
O
propósito do texto é
(A)
informar. (C)
entreter.
(B)
relatar. (D) persuadir.
08.
Nesse
trecho “Viemos especialmente para
buscá-lo, Richard...” Deduz-se que a personagem que fala é
(A)
o
narrador. (C) o maquinista.
(B)
o
trem. (D) Richard.
09.
No
trecho a seguir “... Sentia-se um velho triste
e sem utilidade, cujas
antigas histórias não
interessavam a mais ninguém.” As palavras destacadas são respectivamente
(A)
advérbio,
adjetivo, pronome relativo.
(B)
adjetivo,
advérbio, pronome relativo.
(C)
pronome
relativo, adjetivo, advérbio.
(D)
adjetivo,
pronome relativo, advérbio.
10. No trecho “‘Um dia quero ficar ao lado da linha para vê-lo soltando fumaça’, pensava. Mas acabava nunca indo. Apenas ouvia aquele silvo agudo, ao longe, na hora de dormir.” O uso das aspas no trecho destacado é
(A)
uma
citação.
(C) a fala do personagem.
(B)
um
pensamento.
(D) uma expressão popular.
Responda às questões abaixo, consultando o texto de Domingos Pellegrini.
Responda às questões abaixo, consultando o texto de Domingos Pellegrini.
SOPA DE MACARRÃO
O filho olha
emburrado o prato vazio, o pai pergunta se não está com fome.
—
Com fome eu tô, não tô é com vontade de comer comida de velho.
Lá da cozinha a mãe diz que decretou ―
De-cre-tei! — que ou ele come legumes e verduras, ou vai passar fome.
—
Não quero filho meu engordando agora para ter problemas de saúde depois. Só
quer batata frita e carne, carne e batata frita!
Ela vem com a travessa de bifes, o pai tira
um, ela senta e tira o outro, o filho continua com o prato vazio.
—
Nos Estados Unidos — continua ela — um jornalista passou um mês comendo só
fastfood, engordou mais de seis quilos!
—
E como é que ele aguentou um mês só comendo isso?! — perguntou o pai, o filho
responde:
—
Porque é gostoso! — E pega com nojo uma folhinha de alface, põe no prato e fica
olhando como se fosse um bicho.
A
mãe diz que é preciso ao menos experimentar para saber o que é ou não gostoso,
e o pai diz que, quando era da idade dele, comia cenoura crua, pepino, manga
verde com sal, comia até milho verde cru
—
E devorava o cozido de legumes da sua avó! E essa alface? Pra comer, é preciso
botar na boca...
O
filho enfia a alface na boca, mastiga fazendo careta, pega um bife, a mãe pula
na cadeira, pega o bife de volta:
—
Não-senhor! Só com salada pra valer, arroz, feijão, tudo!
—
Ele continua olhando o prato vazio, até que resmunga:
—
Se vocês sempre comeram tão bem, como é que acabaram barrigudos assim?
O
pai diz que isso é da idade, o importante é ter saúde.
—
E você, se continuar comendo só fritura, carne, doce e refrigerante, na nossa
idade vai pesar mais de cem quilos!
—
No Japão — resmunga ele — podia ser lutador de sumo e ganhar uma nota.
—
E no Natal — cantarola a mãe — vai ser Papai Noel né? E Rei Momo no carnaval...
—
Não tripudie — diz o pai. — Ele ainda vai comer de tudo. Quando eu era menino, detestava
sopa. Aí um dia minha mãe fez sopa com macarrão de letrinhas, passei a gostar
de sopa!
O
filho pergunta o que é macarrão de letrinhas, o pai explica. Ele põe na boca
uma rodela de tomate, o pai e a mãe trocam um vitorioso olhar. O pai faz uma
voz doce:
—
Está descobrindo que salada é gostoso, não está?
—
Não, peguei tomate para tirar da boca o gosto nojento de alface, mas acabo de
descobrir que tomate também é nojento.
—
Mas catchup você come não é? Pois é feito de tomate!
—
E ele também não come ovo — emenda a mãe — mas come maionese, que é feita de
ovo!
O
filho continua olhando o prato vazio.
—
Coma ao menos feijão com arroz — diz o pai.
Ele pega uma colher de feijão, outra de arroz
dizendo que viu um filme onde num campo de concentração só comiam assim
pouquinho, só o suficiente pra sobreviver... Mastiga tristemente, até que o pai
lhe bota o bife no prato de novo, mas a mãe retira novamente:
—
Ou salada ou nada! Sem chantagem sentimental!
O
pai come dolorosamente, a mãe come furiosamente, o filho olha o prato
tristemente.
Depois a mãe retira a comida, ele continua
olhando a mesa vazia. Na cozinha, o pai sussura para ela:
—
Mas ele comeu duas folhas de alface, não pode comer dois pedaços de bife?!...
Ela diz que de jeito nenhum, desta vez é pra
valer; então o pai vai ler o jornal, mas de passagem pelo filho, pergunta se
ele não quer um sanduíche de bife — com salada, claro. Não, diz o filho, só
quer saber de uma coisa da tal sopa de letras. O pai se anima:
—
Pergunte, pergunte!
—
Você podia escrever o que quisesse com as letras no prato?
—
Claro! Por que, o que você quer escrever?
—
Hambúrguer, maionese e catchup
É
teimoso que nem o pai, diz a mãe. Teimoso é quem teima comigo, diz o pai. O
filho vai para o quarto, só sai na hora da janta: sopa de macarrão. Então, vai
escrevendo, e engolindo as palavras: escravidão, carrascos, nojo, e enfim
escreve amor, o pai e mãe lacrimejam, mas ele explica:
—
Ainda não acabei, tá faltando letra pra escrever: amo rosbife com batata
frita...
Domingos Pellegrini – Crônica brasileira
contemporânea. São Paulo: (Salamandra, 2005. P.210-3.)
ATIVIDADE
6
01.
O
enredo do texto se dá quando
(A) o filho diz que tá com fome, não tá é com vontade de comer comida de
velho.
(B) a mãe diz que decretou – está decretado – ou ele come legumes e
verduras, ou vai passar fome.
(C) a mãe afirma que não quer o filho dela engordando para ter problemas de
saúde depois.
(D)
o filho só quer saber, agora, da tal sopa de
letras.
02.
No
trecho “A mãe diz que é preciso ao menos experimentar para
saber o que é ou não gostoso, e o pai diz que, quando
era da idade dele, comia cenoura crua, pepino, manga verde com sal,
comia até milho verde cru.”
A oração em destaque dá ideia de
(A) adição. (C) conformidade.
(B) tempo.
(D) proporcional.
03.
Marque
o vocábulo que não apresenta registro de informalidade.
(A) “... não tô é com vontade de comer comida de velho.”
(B) “Não-senhor! Só com salada pra valer, arroz, feijão, tudo!”
(C) “Ainda não acabei, tá faltando letra pra escrever...”
(D) “... o filho olha o prato tristemente.”
04.
No
trecho “Está descobrindo que salada é gostoso,
não está?”,
de qual personagem é esta fala?
(A)
pai. (C) filho.
(B)
mãe.
(D) narrador.
05.
Marque
a opção que representa uma opinião.
(A) “É teimoso que nem o pai...”
(B) “O filho olha emburrado o prato vazio...”
(C) “... O filho vai para o quarto, ...”
(D) “O filho pergunta o que é macarrão de letrinhas, ...”
(D) “O filho pergunta o que é macarrão de letrinhas, ...”
06.
De
acordo com a leitura do texto, o autor deixa a entender claramente
(A) que existe uma família à mesa, na hora do almoço.
(B) que a mãe não se preocupa com a saúde do filho.
(C) que o filho por si só, desperta interesse pela sopa de letrinhas.
(D) que o pai permite que o filho coma fritura, carne, doce e refrigerante.
07.
Há
traço de ironia em
(A) “... a mãe pula na cadeira, pega o bife de volta.”
(B) “E no Natal [...] vai ser Papai Noel, né? E rei Momo no carnaval...”
(C) “... um jornalista passou um mês comendo só fastfood, engordou mais de
seis quilos!”
(D) “Lá da cozinha a mãe diz que decretou – de-cre-tei!...”
08.
No
trecho “... não tô é com vontade de comer comida de velho”, o sentido da expressão em destaque é
(A) sopa de macarrão. (C) legumes e
verduras.
(B) feijão e arroz. (D)
frituras e carnes.
09.
O
gênero deste texto é
(A) diário. (C) relato de memórias.
(B) crônica. (D) conto.
10.
O
texto trata, principalmente
(A) da alimentação balanceada. (C) da escolha do que comer.
(A) da alimentação balanceada. (C) da escolha do que comer.
(B) do uso das guloseimas. (D) dos hábitos alimentares do pai.
11.
A finalidade do texto é
(A) Informar. (B) Relatar. (C) entreter. (D) persuadir.
Responda
às questões abaixo, consultando o texto de Fernando Sabino.
PSICOPATA AO VOLANTE
David Neves passava de carro às onze horas de certa
noite de Sábado por uma rua de Botafogo, quando um guarda o fez parar:
— Seus documentos, por favor.
Os
documentos estavam em ordem, mas o carro não estava: tinha um dos faróis
queimado.
— Vou Ter de multar– advertiu o guarda.
— Está bem– respondeu David, conformado.
— Está bem? O senhor acha que está bem?
O guarda
resolveu fazer uma vistoria mais caprichada, e deu logo com várias outras
irregularidades:
— Eu sabia! Limpador de para-brisa quebrado, folga
na direção, freio desregulado. Deve haver mais coisa, mas para mim já chega. Ou
o senhor acha pouco?
— Não, para mim também já chega.
— Vou Ter de recolher o carro, não pode trafegar
nessas condições.
— Está bem– concordou David.
— Não sei se o senhor me entendeu: eu disse que vou
Ter de recolher o carro.
— Entendi sim: o senhor disse que vai Ter de
recolher o carro. E eu disse que está bem.
— O senhor fica aí só dizendo está bem.
— Que é que o senhor queria que eu dissesse?
Respeito sua autoridade.
— Pois então vamos.
— Está bem.
Ficaram
parados, olhando um para o outro. O guarda, perplexo: será que ele não está
entendendo? Qual é a sua, amizade? E David, impassível: pode desistir,
velhinho, que de mim tu não vê a cor do burro de um tostão. E ali ficariam o
resto da noite a se olhar, em silêncio, a autoridade e o cidadão flagrado em
delito, se o guarda enfim não se decidisse:
— O senhor quer que eu mande vir o reboque ou
prefere levar o carro para o depósito o senhor mesmo?
— O senhor é que manda.
— Se quiser, pode levar o carro o senhor mesmo.
Sem se
abalar, David pôs o motor em movimento:
— Onde é o depósito?
O guarda
contornou rapidamente o carro pela frente, indo sentar-se na boleia:
— Onde é o depósito…O senhor pensou que ia sozinho?
Tinha graça!
Lá foram os
dois por Botafogo afora, a caminho do depósito.
— O senhor não pode imaginar o aborrecimento que
ainda vai Ter por causa disso — o guarda dizia.
— Pois é — David concordava: — Eu imagino.
O guarda o
olhava, cada vez mais intrigado:
— Já pensou na aporrinhação que vai Ter? A pé, logo
numa noite de Sábado. Vai ver que tinha aí o seu programinha para esta noite…E
amanhã é Domingo, só vai poder pensar em liberar o carro a partir de
Segunda-feira. Isto é, depois de pagar as multas todas…
— É isso aí–
e David o olhou, penalizado: — Estou pensando também no senhor, se aborrecendo
por minha causa, perdendo tempo comigo numa noite de Sábado, vai ver que até
estava de folga hoje…
— Pois
então? — reanimado, o guarda farejou um entendimento: — Se o senhor quisesse, a
gente podia dar um jeito…O senhor sabe, com boa vontade, tudo se arranja.
— É isso aí, tudo se arranja. Onde fica mesmo o
depósito?
O guarda não
disse mais nada, a olhá-lo, fascinado. De repente ordenou, já à altura do
Mourisco:
— Pare o carro! Eu salto aqui.
David parou
o carro e o guarda saltou, batendo a porta, que por pouco não se despregou das
dobradiças. Antes de se afastar, porém, debruçou-se na janela e gritou:
— O senhor é um psicopata!
(Fernando Sabino. A falta que ela me faz. Rio de Janeiro: Record,
1999, p. 94)
ATIVIDADE 7
01. De
acordo com as características do texto, pode-se dizer que o gênero é
(A) artigo científico. (C) relato de memórias.
(B) conto. (D) crônica.
(A) artigo científico. (C) relato de memórias.
(B) conto. (D) crônica.
02. No trecho “— Se o
senhor quisesse, a gente podia dar um jeito…O senhor sabe, com boa vontade,
tudo se arranja.” A expressão “boa
vontade” significa
(A) propina. (C) recompensa.
(B) dinheiro. (D) desacato.
(A) propina. (C) recompensa.
(B) dinheiro. (D) desacato.
03. Associe
conforme o seguinte código
(A) Apresentação do conflito.
(B) Desenvolvimento do conflito.
(C) Clímax.
(D) Desfecho do texto.
(__) O momento em que o policial sai do carro e xinga o motorista de
(B) Desenvolvimento do conflito.
(C) Clímax.
(D) Desfecho do texto.
(__) O momento em que o policial sai do carro e xinga o motorista de
psicopata.
(__) As ameaças sucessivas de multar e prender o carro.
(__) É o momento em que o policial propõe explicitamente “um
entendimento”.
(__) O trecho em que o motorista é parado pelo policial.
(__) As ameaças sucessivas de multar e prender o carro.
(__) É o momento em que o policial propõe explicitamente “um
entendimento”.
(__) O trecho em que o motorista é parado pelo policial.
04. Marque
o vocábulo no qual apresenta ironia.
(A) “Psicopata ao volante.”
(B) “... O senhor acha que está bem?”
(C) “O guarda resolveu fazer uma vistoria mais caprichada,...”
(D) “Pare o carro! Eu salto aqui.”
(B) “... O senhor acha que está bem?”
(C) “O guarda resolveu fazer uma vistoria mais caprichada,...”
(D) “Pare o carro! Eu salto aqui.”
05. O
objetivo do texto é
(A) mostrar a inversão de valores, entre o policial e o motorista.
(B) mostrar a imprudência no trânsito.
(C) mostrar o movimento de propina por infratores no trânsito.
(D) mostrar a vistoria de documentos feito no trânsito.
(B) mostrar a imprudência no trânsito.
(C) mostrar o movimento de propina por infratores no trânsito.
(D) mostrar a vistoria de documentos feito no trânsito.
06. De
modo concluído, o tema do texto é
(A) ética e cidadania.
(B) propina e suborno.
(C) autoridade e cidadão flagrado em delito.
(D) desacato e infração.
(B) propina e suborno.
(C) autoridade e cidadão flagrado em delito.
(D) desacato e infração.
07. Marque
o vocábulo em que há registro de informalidade.
(A) “... quando um guarda o fez parar: ...”
(B) “... Se o senhor quisesse, a gente podia dar um jeito…”
(C) “David parou o carro e o guarda saltou, ...”
(D) “O guarda o olhava, cada vez mais intrigado: ...”
(B) “... Se o senhor quisesse, a gente podia dar um jeito…”
(C) “David parou o carro e o guarda saltou, ...”
(D) “O guarda o olhava, cada vez mais intrigado: ...”
08. No trecho “Os documentos estavam em ordem, mas
o carro não estava: ...”, de quem é esta fala?
(A) do motorista. (C) do
narrador.
(B) do policial. (D) de outro personagem.
(B) do policial. (D) de outro personagem.
09. O
texto apresenta com maior ênfase, um dos recursos de sinalização, muito
utilizado em uma conversa
(A) a reticência. (C) as
aspas.
(B) os dois pontos. (D) o travessão.
(B) os dois pontos. (D) o travessão.
10. No
trecho do texto a seguir “... E David, impassível: pode desistir, velhinho, que
de mim tu não vê a cor do burro de um tostão.” A palavra IMPASSÍVEL pode ser
trocada sem perda de sentido por
(A) tranquilo. (C)
aborrecido.
(B) perturbado. (D) indiferente.
(B) perturbado. (D) indiferente.
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